segunda-feira, 22 de julho de 2013

Franquia americana de "escola de rock" que inspirou filme chega ao Brasil e divide opinião

 

Quer se tornar uma estrela do rock? Então vá para a escola. 


A aparente contradição foi a receita usada para a criação de uma escola de rock para crianças e adolescentes nos Estados Unidos. A ideia original inspirou o filme "Escola de Rock" ("School of Rock"), dirigido por Richard Linklater e estrelado por Jack Black, que rapidamente se tornou sucesso de público e acabou transformando a escola real em uma franquia bem sucedida que se espalhou pelos quatro cantos do planeta.


A rede que leva o mesmo nome do longa inaugurou uma filial no Brasil, em março deste ano. Com uma unidade em São Caetano do Sul, em São Paulo, a ideia já conquistou dezenas de alunos – todos fãs da premiada comédia americana . Outra filial deve começar a funcionar já no segundo semestre deste ano. Entretanto, o formato do curso, focado na prática de instrumentos, e não exatamente em formação musical, divide opiniões. A escola é voltada para crianças e adolescentes, mas a pedido dos pais dos alunos, a instituição decidiu abrir uma turma para adultos, que já ganhou o apelido de "dinossauros do rock". 
Painel com desenhos de alunos na entrada da unidade da School of Rock em São Caetano do Sul (SP)

"Jamais colocaria meu filho"


Afinal, será possível aprender rock em uma escola? Para Luiz Thunderbird, não. "Jamais colocaria meu filho em uma escola para aprender rock, eu mesmo o ensinaria", dispara. Muitos diriam a mesma coisa, pois não foi esse o caminho trilhado por bandas lendárias do rock, como Rolling Stones, The Doors, entre tantos outros. 

"Apesar das dificuldades, e de ter de por a mão no bolso, eu prefiro, por causa da liberdade total", diz. 

Apesar de torcer o nariz para a ideia de estudar rock em uma escola, Thunder admite ser fã de carteirinha do filme "Escola de Rock". "Decorei todas as falas de tanto que assisti", brinca. 

Ao ser cutucado sobre a crítica do personagem central, o folgado guitarrista Dewey Finn (interpretado por Black) de que a MTV teria destruído a essência do rock, o músico rebate. "Isso não vale para o canal brasileiro, tenho autonomia para fazer coisas que jamais faria em outro, O artista está na emissora desde que ela abriu as portas na década de 1990. 

Outro músico, o ex-baterista do Charlie Brown Jr, Pinguin, é mais simpático à ideia. "Acho que ter uma iniciação musical focada no rock pode ser muito bacana". 

Foco na prática


"Nosso foco é a prática de banda", afirmou Ricardo Fernandes, um dos sócios da escola em São Caetano. "Estamos colocando os alunos no palco para ensinar música." 

É o que explica também o perfil dos instrutores, a maioria quase tão jovem quanto os alunos que ensinam. "Tem que ser uma pessoa do rock, que fala a língua deles, e estar antenado com esse universo", explica o outro sócio André Munari. 

Esse é o caso da jovem Alessandra Nunes. Aos 20 anos, ela é uma das professoras de rock da escola, que oferece aulas de guitarra, baixo, bateria, teclado e vocais. "Tive minha primeira banda aos 14, dou aula de canto, mas toco guitarra também", conta. Sem contornos muito definidos, ou programas detalhados de ensino, os donos da escola afirmam que as aulas são baseadas na performance. 

Segundo informaram, os alunos começam com aprendizagem de habilidades básicas em aulas individuais e sessões de prática de banda. Depois seguem para o principal, com mais aulas individuais e um show final. O objetivo é se preparar para o grande show. "Depois de 12 a 13 semanas, os alunos transformam-se em astros do rock em um show completo na frente de uma plateia real", diz Munari. A média da mensalidade da escola é de R$ 250. 

Aposta na simplicidade


Outra escola brasileira orientada para o rock chegou a ser sondada pela badalada franquia americana, a Escola de Música e Tecnologia (EM&T). "Fomos procurados pelos investidores, mas o negócio não rendeu", conta o diretor Celio Ramos. Ele explica que o foco da School of Rock é outro. "É dirigido para crianças e pré-adolescentes e convenientemente voltado mais a pratica do que a teoria", observa. 

As estruturas também são bem diferentes, segundo a avaliação do diretor. Enquanto a franquia americana aposta na simplicidade, e em espaços mais reduzidos, a EM&T tem anfiteatro, 40 salas de aula, 37 estações para estudos individuais, restaurante, oficina de reparo de instrumentos e uma grande loja de instrumentos e equipamentos musicais. "Essas características, aliadas a workshops e clínicas com artistas nacionais e internacionais, fazem com que os alunos se sintam em sua tribo". 

Sobre ser ou não possível aprender rock na escola, Ramos não faz rodeios. "Acho possível qualquer um aprender qualquer matéria". Ele aproveita para ressaltar que embora a EM&T tenha "imagem rock", o ensino não é voltado exclusivamente para o estilo e sim para a música. "Como a metodologia é abrangente, o aluno aplica os conhecimentos para tocar o que quiser", conclui.

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